sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Lipoaspiração X Lipoescultura X Lipoestrutura X Micro-Lipoenxertia





A primeira comunicação científica sobre a realização de um enxerto de gordura data de 1893 pelo médico alemão Gustav Albert Neuber. Em 1895, outro médico alemão, Vicenz Czerny publicou o primeiro aumento mamário, realizado após uma mastectomia subcutânea, mediante o enxerto de um lipoma. Várias tentativas forma realizadas com resultados desfavoráveis o que causou seu abandono até o começo dos anos 80, quando a Lipoaspiração começou a se popularizar e com ela as primeiras tentativas de enxertar gordura previamente aspirada, algumas vezes tratada com lavagens de soro, filtradas e/ou coadas, conhecida como lipoescultura. Os resultados obtidos foram decepcionantes, limitados, pouco previsíveis e com uma alta taxa de reabsorção.
 
A terceira geração de técnicas surgiu na década de 90 onde os estudos que se realizam demonstram que os enxertos de gordura são possíveis e se estabelecem as condições o os protocolos ótimos para o sucesso do tratamento. A partir desta época Dr. Sydney Coleman, pioneiro neste tipo de abordagem, estandardizou e popularizou o método chamando de Lipoestrutura, onde a longevidade dos micro-enxertos de gordura dá um giro drástico, passando a ser um procedimento pouco fiável e transitório a um método facilmente reproduzível e permanente. No princípio deste século inicia-se a estudar em profundidade não só porque os enxertos funcionam, mas também se descobre que a gordura é um órgão que possui a maior quantidade de células tronco adultas e que quando enxertadas, junto com outras substâncias e estirpes celulares contidas no tecido adiposo, se comporta não só com preenchimento mas como regenerador de tecidos. Os enxertos de gordura passam a ser considerados tanto um material de preenchimento permanente como de terapia celular. O tecido adiposo que se microinjeta mediante o implante contem um número elevado de células tronco adultas, pré-adipócitos, células precursoras endoteliais, citoquinas e fatores de crescimento. Todas estas células e substancias estão implicadas na reparação dos tecidos, de maneira que além de aportarem volume, criam um meio ambiente renovado que vai melhorar a nutrição, oxigenação e, portanto, a textura e características vitais dos tecidos.
O micro-enxerto de gordura consiste em empregar o tecido adiposo que existe na pele e nos músculos próprios de cada paciente como tecido implantável para aportar volume de forma natural. A estrutura e características do tecido adiposo permite que se possa ser recoletado com facilidade mediante aspiração através de cânulas de reduzindo diâmetro (em trono de 2,0 a 3mm), e enxertado com microcânulas e agulhas de 1,5, 1,8 a 2mm de diâmetro. Realizam-se com incisões imperceptíveis e cicatrizes mínimas, pouco visíveis. A diferença de outros enxertos, a gordura além de aportar volume, tem a capacidade regeneradora. 

É fundamental uma nutrição adequada das células para a sobrevivência do micro-enxerto. A obtenção ou a implantação inadequada provocarão a morte de um grande número de células. O sucesso da micro-enxertia radica na mistura com o PRGF (Plasma Rico em Fatores de Crescimento), técnica que permite a viabilidade do enxerto a ser transplantado, aumentando o substrato e a microvascularização, permitindo a sobrevivência nos primeiros críticos 5 dias. O êxito radica em uma maior integração possível de todas as células transplantadas, para isso a técnica adequada é primordial. Após a integração do enxerto, na primeira semana do pós-operatório, permanecerá em seu lugar integrando-se perfeitamente com os tecidos que rodeiam, já que se trata de um tecido vivo e se comportará como um tecido adiposo normal, inclusive envelhecerá com o paciente. O resto de substancias e células que acompanham a gordura colaboram nos processos de regeneração e reestruturação dos tecidos que se encontram ao seu redor constituindo-se em uma autêntica terapia celular. As porções de micro-enxerto próximas a tecidos não adiposos se transformam nestes mesmos tecidos.   

 Se a nutrição das células adiposas enxertadas não for adequada durante os primeiros dias, não serão capazes de sobreviver e, portanto, morrerão e desaparecerão em poucas semanas. A inadequada realização pode produzir grandes quistes ou reações inflamatórias severas. A incorreta realização de um enxerto de gordura terá como conseqüência a falta de integração, necessidade de várias operações, ou a integração irregular, a formação de quistes e outros efeitos secundários não desejáveis. 
  
 As possibilidades terapêuticas dos micro-enxertos enriquecidos com PRGF são muito amplas, vão desde a remodelação estética facial (lábios, mandíbula, malar, frontal, sonrancelhas, queixo, pálpebras, nariz, têmporas) e corporal (aumento glúteos, mamas, paturrilha, peitoral, etc...) até a reconstrução de defeitos congênitos e pós traumáticos. Na prática clínica se observa uma melhora das condições locais da área tratada, com melhora significativa da textura da pele.